domingo, 31 de maio de 2015

Livro Recomendado da Semana - 31/05 a 06/06/2015

HISTÓRIA DO CERCO DE LISBOA - José Saramago

O LIVRO

Não é Lisboa que está cercada - mas sim a própria história.
Raimundo Silva, revisor de livros, introduz num tratado de história (intitulado História do Cerco de Lisboa) um erro voluntário: "os cruzados não ajudaram os portugueses a conquistar Lisboa.
É um "não" que desvirtua o acontecido, ao mesmo tempo em que exalta o papel do escritor, capaz de modificar tão facilmente o que estava consagrado.
Para além das decorrências dessa história, Raimundo Silva vai viver outra, com sua editora Maria Sara. Juntos, espelham uma história vivida por outro casal, há séculos, durante o cerco de Lisboa.
Neste romance, publicado pela primeira vez em 1987, José Saramago explora com engenho e paixão os espaços da literatura e da história, como já fizera em Memorial do Convento, O Ano da Morte de Ricardo Reis e Jangada de Pedra, e como viria a fazer depois em outras obras igualmente notáveis, como O Evangelho Segundo Jesus Cristo e In Nomine Dei.
Raimundo Silva não voltará a ser o sujeito paciente que era, porque seu ato de rebeldia o faz assumir outro posto na vida.
Ao longo da prosa inimitável de um dos maiores escritores da Língua Portuguesa, são vários cervos, então, que vão caindo: tanto o cerco histórico da cidade de Lisboa como o imaginário, recontado por Raimundo, e, finalmente, o compreensível, mas aceitável cerco que o impede de comunicar-se com a mulher do seu afeto.

O AUTOR

José de Sousa Saramago nasceu em 1922, em Azinhaga, aldeia ao sul de Portugal, numa família de camponeses.
Autodidata, antes de se dedicar exclusivamente à literatura trabalhou como serralheiro, mecânico, desenhista industrial e gerente de produção numa editora.
Iniciou sua atividade literária em 1947, com o romance Terra do Pecado, só voltando a publicar (um livro de poemas chamado Os Poemas Possíveis), em 1966. Em 1970, publica outro livro de poemas, Provavelmente Alegria.
Atuou como crítico literário em revistas e trabalhou no Diário de Lisboa. Em 1975, tornou-se diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias. Acuado pela ditadura de Salazar, a partir de 1976 passou a viver de seus escritos, inicialmente como tradutor, depois como autor.
Em 1980, alcança notoriedade com o livro Levantado do Chão, visto hoje como seu primeiro grande romance. Memorial do Convento confirmaria esse sucesso dois anos depois.
Em 1991, publica O Evangelho Segundo Jesus Cristo, livro censurado pelo governo português - o que leva Saramago a autoexilar-se em Lanzarote, nas Ilhas Canárias (Espanha), onde viveu até sua morte em 2010. Foi ele o primeiro autor de Língua Portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998.
Entre seus outros livros estão os romances O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), Ensaio sobre a Cegueira (1995), O Homem Duplicado (2002), a peça teatral In Nomine Dei (1993), os volumes de diários recolhidos nos Cadernos de Lanzarote (a partir de 1994), A Viagem do Elefante (2008), Caim (2009); Obras póstumas: Claraboia (2011), Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas (2014).

COMENTÁRIO SOBRE A OBRA

Por Arthur Nestrovski, arcitulista da Folha de São Paulo

"As ficções que contam, fazem-se... com uma continuada dúvida... a inquietação de saber que nada é verdade e ser preciso fingir que o é". Entre as ficções que mais contam, nos dias de hoje, estão as do autor desta frase; e entre os livros dele, nenhum se firma tanto nisso para fingir suas verdades do que A História do Cerco de Lisboa.
São duas histórias: a história real do cerco a Lisboa no ano de 1147 (quando os portugueses, com ajuda dos cruzados, tomaram a cidade aos mouros) e outra história, fictícia, que surge aos poucos na cabeça do revisor Raimundo Silva, depois de alterara injustificadamente certa frase nas provas de um livro, mudando a história com a simples força de um "não".
É um tema mais que caro a José Saramago: o bom uso das palavras, que fazem luz "sobre o entendimento das coisas, até onde se pode, e aonde, a não ser por elas, não se chega".
Bom uso: poder dizer o que se quer, e querer dizer o que se pode, quando o que está em jogo é o entendimento humano das coisas. Não por acaso, os dois cercos, o real e o fictício, se confundem aqui com um cerco amoroso, que se vai fechando sobre o velho revisor e sua jovem editora, como se fecha, oitocentos imaginados anos antes, sobre um soldado português e a viúva de um cruzado.
Este título, então, A História do Cerco de Lisboa, ganha um duplo sentido inesquecível daqui para a frente.
Não diz respeito só ao que se passou numa hedionda guerra religiosa medieval. Para nós, agora, é também a cifra de uma longamente adiada, longamente sofrida, demoradamente saboreada, maravilhosa e comum história de amor.

sábado, 23 de maio de 2015

Livro Recomendado da Semana - 24 a 30/05/2015



O LIVRO

"O Amante" conta a descoberta do amor e do sexo por uma adolescente, filha de uma família de colonos falidos na Indochina francesa, nos anos 30. O amor proibido da menina branca, sua entrega a um jovem chinês rico, dez anos mais velho do que ela, é também uma forma de escapar à claustrofobia e à derrocada da família, o seu "envelhecimento" precoce, a descoberta da sua solidão. É também a história da própria escritora
Nascida nos arredores de Saigon (Vietnã) pouco antes do estouro da Primeira Guerra, Marguerite Duras tornou-se um dos mais influentes nomes da literatura francesa a partir da década de 1940, escrevendo romances, peças de teatro e roteiros para cinema (Hiroshima Mon Amour, dirigido por Alain Resnais, é o mais famoso deles).
Mas foi só aos 70 anos de idade que Duras ganhou projeção internacional, com a novela O Amante, vencedora do Prêmio Goncourt de 1984 e traduzida em mais de 40 idiomas.
Filtrada por uma memória ao mesmo tempo autobiográfica e ficcional, a narrativa (que se passa em 1929) reconstitui os embates de uma adolescente que mantém uma relação com um oriental dez anos mais velho que ela.
Intensamente lírico e erótico, O Amante acompanha com rara felicidade a descoberta e o esgotamento da sexualidade, consumida em fogo lento pela escrita corrosiva de Duras.
Em 1991 o livro ganhou versão para o cinema pelo diretor francês Jean-Jacques Annaud.

A AUTORA

Marguerite Duras (pseudônimo de Marguerite Donnadieu) nasceu em 1914, em Gia Dihn (Vietnã), onde passou sua infância e adolescência.
Após a morte do marido, em 1918, a mãe de Duras conseguiu uma pequena concessão de terra no Camboja (então colônia francesa), mas o terreno se mostraria incultivável e sua família viria a perder quase tudo com a chegada das enchentes.
Esses dias na Ásia marcaram profundamente a vida de Duras. É a respeito dessa época uma de suas obras mais importantes, Barragem Contra o Pacífico (1950).
Aos 18 anos, muda-se para Paris, para concluir seus estudos. Em 1939, casa-se com o poeta Robert Antelme. Durante a Segunda Guerra, toma parte na Resistência Francesa à invasão nazista. Muito tempo depois, em maio de 1968, participaria da ação revolucionária de estudantes e escritores da Sorbonne.
Entre suas obras de maior destaque estão O Amante (1984), que lhe rendeu o Prêmio Goncourt - o mais importante da literatura francesa -, O Deslumbramento (1964) e A Dor (1985).
Depois do sucesso de Hiroshima Mon Amour (1960), passou a dirigir seus próprios roteiros cinematográficos. Entre seus trabalhos mais importantes para o cinema estão Nathalie Granger (1972) e Son Nom de Venise dans Calcuta Désert (1976).
Marguerite Duras morreu no dia 3 de março de 1996, em Paris.

COMENTÁRIO SOBRE A OBRA

Por BERNARDO CARVALHO colunista da Folha de São Paulo
 
O Amante conta a descoberta do amor e do sexo por uma adolescente, filha de uma família de colonos falidos na Indochina francesa, nos anos 30.
O amor proibido da menina branca, sua entrega a um jovem chinês rico, dez anos mais velho do que ela, é também uma forma de escapar à claustrofobia e à derrocada da família, o seu "envelhecimento" precoce, a descoberta da sua solidão. É também a história da própria escritora.
Duras ergueu uma ponte impensável entre fotonovela e literatura de vanguarda. Seu amante, nesse sentido, é um príncipe encantado que faz da menina adolescente uma prostituta aos olhos dos outros e que a faz descobrir ao mesmo tempo a solidão do seu próprio desejo, e por consequência a vocação para a literatura. Em troca, e à imagem da prostituta, a menina faz o amante apaixonado sofrer de amor.
É a coragem ou a loucura de avançar sobre um fio tênue entre a originalidade e o grotesco que fez de Duras uma verdadeira escritora. "Ela não estava doente da sua loucura, ela a vivia como se fosse sã", escreveu a propósito da própria mãe viúva e falida na Indochina, embora pudesse estar falando de si mesma e da coragem de avançar, como a adolescente ao encontro do amante chinês, sabendo que corria o risco de escorregar, de resvalar no ridículo, e ainda assim preferindo o risco à repetição.
Razão de sua obra muitas vezes ser tão vulnerável e dependente dos bons olhos do leitor.
A obra de Duras é essa vulnerabilidade, essa exposição ao leitor, sem a cumplicidade do qual pode não restar nada além do escárnio. Há quem a odeie por isso. Mas foi também essa entrega e essa exposição que lhe garantiram uma legião de fãs, que reconheceram a coragem (ou a loucura) de uma escritora determinada a criar uma língua e um estilo próprios.
Duras passou a viver a obra, incorporou o estilo à própria vida. E é o que faz do relato autobiográfico de O Amante também um texto ficcional, um romance por denegação: "A história da minha vida não existe".

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Livros que viraram Filmes

Temos em nosso acervo alguns filmes que foram adaptados de livros. Vale a pena conferir. Agora uma sugestão: assista ao filme somente depois de ter lido o livro. Você não vai se arrepender... 
Farei a atualização diariamente desta página.

Lista dos filmes disponíveis na BPP-Locadora de Livros

A Alucinação de Ulisses (baseado na obra Ulisses, de James Joyce)
A Casa dos Espíritos (baseado na obra homônima de Isabel Allende)
A Cor Púrpura (Baseado na obra homônima de Alice Walker)
 
A Dança da Morte (baseado na obra homônima de Stephen King)
A Fúria de Titãs (baseado na obra Teogonia, de Hesíodo)
A Insustentável Leveza do Ser (baseado na obra homônima de Milan Kundera)
A Jangada de Pedra (baseado na obra homônima de José Saramago)
A Máquina do Tempo (baseado na obra homônima de H. G. Wells)
A Profecia (baseado na obra homônima de David Seltzer)
A Revolução dos Bichos (baseado na obra homônima de George Orwell) 
A Verdade por trás de Anjos e Demônios (Documentário sobre a obra Anjos de Demônios, de Dan Brown) 
As Sandálias do Pescador (baseado na obra homônima de Morris West)
As Viagens de Gulliver (baseado na obra homônima de Jonathan Swift) 
Agonia e Êxtase (baseado na obra homônima de Irving Stone)
Amor Além da Vida (baseado na obra homônima de Richard Matheson) 
Ana Karênina (baseado na obra homônima de Liev Tolstoi)
Bonequinha de Luxo (baseado na obra homônima de Truman Capote)
Capitães da Areia (baseado na obra homônima de Jorge Amado)
Chuva Negra (baseado na obra homônima de Mike Cogan) 
Cujo (baseado na obra homônima de Stephen King)
Dante's Inferno (baseado em Inferno, da obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri)
Drácula de Bram Stoker (baseado na obra homônima, de Bram Stoker)
E o Vento Levou (Baseado na obra homônima de Margareth Mitchel)
Eclipse de uma Paixão (baseado na vida de Arthur Rimbaud e Paul Verlaine)
 El Cid (baseado na obra anônima El Cid) 
Em Algum Lugar do Passado (baseado na obra homônima de Richard Matheson)
Em Nome de Deus (baseado na obra História de Minhas Calamidades, de Abelardo)
Ensaio sobre a Cegueira (baseado na obra homônima de José Saramago)
Excalibur (baseado na obra Os Cavaleiros da Távola Redonda, de Chrétien de Troyes) 
Fausto (baseado na obra homônima de Goethe) 
Frankenstein de Mary Shelley (baseado na obra homônima de Mary Shelley)
Frei Luís de Sousa (baseado na obra homônima de Almeida Garrett) 
Grande Sertão: Veredas (baseado na obra homônima de João Guimarães Rosa) 
Grandes Esperanças (baseado na obra homônima de Charles Dickens) 
Guerra dos Mundos (baseado na obra homônima de H. G. Wells)
Helena de Troia (baseado na obra Ilíada, de Homero) 
Laranja Mecânica (baseado na obra homônima de Anthony Burgess)
Lord Jim (baseado na obra homônima de Joseph Conrad)
Macunaíma (baseado na obra homônima de Mario de Andrade) 
Madame Bovary (1936) (baseado na obra homônima de Gustave Flaubert)
Madame Bovary (1991) (baseado na obra homônima de Gustave Flaubert)
Mensagem (baseado na obra homônima de Fernando Pessoa)
Mutum (baseado na obra Campo Geral, de João Guimarães Rosa)
Nunca Te Vi, Sempre Te Amei (baseado na obra 84 Charing Cross Road, de Helene Hanff)
O Caçador de Pipas (baseado na obra homônima de Khaled Hosseini)
O Decameron (baseado na obra homônima de Giovanni Boccaccio)
O Diário de Anne Frank (baseado no diário original de Anne Frank) 
O Fantasma da Ópera (baseado na obra homônima de Gaston Leroux) 
O Grande Gatsby (1974) (baseado na obra homônima de F. Scott Fitzgerald)
O Iluminado (baseado na obra homônima de Stephen King)
O Mercador de Veneza (baseado na obra homônima de William Shakespeare)
O Morro dos Ventos Uivantes (baseado na obra homônima de Emily Brontë)
O Nome da Rosa (baseado na obra homônima de Umberto Eco)
O Pequeno Príncipe (baseado na obra homônima, de Antoine de Saint-Exupéry)
O Processo (baseado na obra homônima de Franz Kafka)
O Quarto Protocolo (baseado na obra homônima de Frederick Forsyth) 
O Silêncio dos Inocentes (baseado na obra homônima de Thomas Harris)
Orgulho e Preconceito (baseado na obra homônima de Jane Austen)
Os Cavaleiros da Távola Redonda (baseado na obra homônima de Chrétien de Troyes)
Os Contos de Canterbury (baseado na obra homônima de Geoffrey Chaucer)
Os Meninos do Brasil (baseado na obra homônima de Ira Levin)
Os Miseráveis (1998) (baseado na obra homônima de Victor Hugo) 
Qvo Vadis? (baseado na obra homônima de Henryk Sienkiewicks) 
Razão e Sensibilidade (1995) (baseado na obra homônima de Jane Austen)
Requiem (baseado na obra homônima de Antonio Tabucchi) 
Sociedade dos Poetas Mortos (baseado na obra Dead Poets Society, de N. H. Kleinbaum)
Tristão e Isolda (baseado na obra homônima anônima)
Troia (baseado na obra Ilíada, de Homero)
Twin Peaks - Os Últimos Dias de Laura Palmer (baseado na obra homônima de David Lynch)
Ulisses (baseado na obra Odisseia, de Homero)
Um Amor de Perdição (baseado na obra Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco) 
Uma Abelha na Chuva (baseado na obra homônima de Carlos de Oliveira)
Veronika Decide Morrer (baseado na obra homônima de Paulo Coelho)
Vestido de Noiva (baseado na obra homônima de Nélson Rodrigues)
Viagem ao Centro da Terra - O Filme (baseado na obra homônima de Julio Verne)
Vidas Secas (baseado na obra homônima de Graciliano Ramos)
Vinhas da Ira (baseado na obra homônima de John Steinbeck)


segunda-feira, 18 de maio de 2015

Livro Recomendado da Semana - 17 a 23/05/2015

O NOME DA ROSA - UMBERTO ECO

O LIVRO

Ficção de estreia de um dos mais respeitados teóricos da Semiótica, O Nome da Rosa transformou-se em prodígio editorial logo após seu lançamento, em 1980.
Tamanho sucesso não parecia provável para um romance cuja trama se desenrola em um mosteiro italiano na última semana de novembro de 1327.
Ali, em meio a intensos debates religiosos, o frade franciscano inglês Guilherme de Baskerville e seu jovem auxiliar, Adson, envolvem-se na investigação das insólitas mortes de sete monges, em sete dias e sete noites.
Os crimes se irradiam a partir da biblioteca do mosteiro - a maior biblioteca do mundo cristão, cuja riqueza ajuda a explicar o título do romance: "o nome da rosa" era uma expressão usada na Idade Média para denotar o infinito poder das palavras.
Narrado com as astúcia e graça de quem apreciou (e explicou) como poucos as artes do romance policial, O Nome da Rosa encena discussões de grandes temas da Filosofia europeia, num contexto que faz desses debates um ingrediente a mais da ficção.
O livro de Eco é ainda uma defesa da comédia - a expressão do homem livre, capaz de resistir com ironia ao peso de homens e livros.

PERSONAGENS

Frei Guilherme de Baskerville
Franciscano discípulo de Roger Bacon (filósofo inglês). Personagem inspirado no detetive Sherlock Holmes, de Conan Doyle (que tem como um de seus casos mais célebres "O Cão dos Baskervilles").
"Era, pois, a aparência física de frei Guilherme de tal porte que atraía a atenção do observador mais distraído. Sua estatura superava a de um homem normal e era tão magro que parecia mais alto. Tinha olhos agudos e penetrantes; o nariz afilado e um tanto adunco conferia ao rosto a expressão de alguém que vigia" (trecho de O Nome da Rosa que descreve o personagem).
"Até seu físico era tal que despertava a atenção do mais descuidado observador. Quanto a sua estatura, passava de 1,80m, mas era tão magro que parecia mais alto ainda. Seus olhos era agudos e penetrantes, e seu nariz delgado e aquilino, acrescentava às suas feições um ar de vigilância e decisão". (trecho de Um Estudo em Vermelho, de Conan Doyle, no qual se descreve Sherlock Holmes).

Adso de Melk
Noviço da Ordem de São Bento de origem alemã. É o narrador do romance e braço direito de Baskerville, como Watson era de Sherlock Holmes. Umberto Eco diz que é um personagem que não compreende nada até o fim. "Fazer compreender tudo através das palavras de alguém que não compreende nada (...) Agora me pergunto se este não foi um dos elementos que determinaram a legibilidade do romance por parte de leitores não sofisticados. Identificaram-se com a inocência do narrador."

Jorge de Burgos
Monge místico e cego, guardião da biblioteca da abadia, onde se desenrola a história. É descrito como "a própria memória da biblioteca". Foi inspirado no escritor argentino Jorge Luís Borges, cego na velhice, e autor de diversas histórias ambientadas em bibliotecas.

Onde se passa a história
Novembro de 1327.

A trama
São várias as camadas de histórias do romance. A mais evidente é a investigação, feita por Guilherme de Baskerville, de uma série de assassinatos de monges na abadia, aparentemente causados por razões passionais.

O filme
O romance foi adaptado ao cinema em 1986, em produção dirigida pelo francês Jean-Jacques Annaud e estrelada por Sean Connery (Guilherme de Baskerville) e Christian Slater (Adso).

O AUTOR

Nascido em Alessandria, Itália, em 1932, Umberto Eco construiu sólida carreira como professor de Semiótica na Universidade de Bolonha.
Ensaísta de renome mundial, dedicou-se a temas como estética, semiótica, filosofia da linguagem, teoria da literatura e da arte e sociologia da cultura. Autor de artigos de opinião nos jornais Espresso e La Repubblica, estreou como romancista com O Nome da Rosa, em 1980.
Depois do imenso sucesso colhido na Itália e em todo o mundo, escreveu O Pêndulo de Foucault (1988), A Ilha do Dia Anterior (1994) e Baudolino (2000).
Entre suas obras ensaísticas destacam-se Obra Aberta (1962), Apocalípticos e Integrados (1964), A Estrutura Ausente (1968), As Formas do Conteúdo (1971), Tratado Geral de Semiótica (1975), Seis Passeios pelos Bosques da Ficção (1994) e Sobre a Literatura (2003). Seus textos jornalísticos estão reunidos em Diário Mínimo (1963), O Segundo Diário Mínimo (1990) e A Coruja de Minerva (2000).


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Livro Recomendado da Semana - 10 a 16/05/2015

LOLITA - VLADIMIR NABOKOV

O LIVRO(*)


Lolita é uma das obras mais polêmicas da literatura contemporânea universal.

Muito arrojado para a moral vigente na época, o romance de Vladimir Nabokov (1899-1977) foi inicialmente recusado por várias editoras. Ao ser finalmente lançado, em 1955, por uma editora parisiense, gerou opiniões antagônicas: houve quem definisse o livro como um dos melhores do ano; houve quem o considerasse pornografia pura. Nos Estados Unidos, onde só viria a ser publicado em 1958, rapidamente conquistou o topo das listas de mais vendidos.

Visto hoje, filtrado pelos anos e por uma verdadeira biblioteca de comentário e crítica, Lolita parece, sobretudo, uma apaixonada história de amor, escrita com elegante desespero. O protagonista é o obsessivo Humbert, professor de meia-idade. Da cadeia, à espera de um julgamento por homicídio, ele narra, num misto de confissão e memória, a irreprimível e desastrosa atração por Lolita, filha de 12 anos de sua senhoria.

Escrito num estilo inimitável – mas não intraduzível, como bem se verá -, Lolita é uma obra-prima da literatura do século 20. Aqui se cruzam alguns dos temas clássicos da arte de todos os tempos (a paixão, a juventude, o amadurecimento) com questões mais típicas da nossa modernidade, como as ambivalências eróticas e o exílio - que é uma questão tanto de geografia quanto da linguagem e do coração.

O AUTOR

Vladimir Nabokov nasceu em 1899, em São Petersburgo (Rússia), numa família da antiga aristocracia. Em 1919, a instabilidade produzida pela revolução bolchevique obriga a família a abandonar a nova União Soviética e ir para a Inglaterra. Nabokov estuda em Cambridge até 1922, licenciando-se em literatura russa e francesa. Em seguida, muda-se para Berlim, onde dá aulas de tênis e inicia sua produção literária. "Lolita" é seu principal romance.

Em 1926, após publicar poemas e contos, lança seu primeiro romance, Machenka. Depois de uma estadia em Paris, fugindo dos exércitos nazistas, chega em 1940 aos Estados Unidos, onde se dedica ao ensino de literatura russa em várias universidades além de trabalhar no departamento de entomologia (o estudo dos insetos) em Harvard.

A partir de 1958, o sucesso de seus livros lhe garante a dedicação a seus dois principais interesses: a literatura e os lepidópteros, cultivados nas montanhas da Suíça, até sua morte em 1977.

Entre muitos outros livros, escreveu os romances "Fogo Pálido" e "Coisas Transparentes"; os contos reunidos em "Detalhes de um Pôr-do-Sol"; a tradução magistral, em quatro volumes, de "Eugene Onegin", de Pushkin; uma biografia de Nikolai Gogol e um volume de palestras sobre Dom Quixote; "Poemas e Problemas" e outros dois livros de poesia; e uma autobiografia, "A Pessoa em Questão". Em 2001, foi publicada a coletânea "Nabokov’s Butterflies", reunindo textos científicos e literários sobre as borboletas.

CRONOLOGIA DA VIDA E DA OBRA DE VLADIMIR NABOKOV

1899 - Nasce Vladimir Vladimirovich Nabokov, filho de aristocratas, em São Petersburgo (Rússia), em 23 de abril.

1916 - Recebe muito dinheiro e uma grande propriedade rural como herança de seu tio Ruka. Custeia a publicação de seu primeiro livro de poemas.

1917 - Com a Revolução Russa, deixa São Petersburgo com a família.

1919 - Os Nabokov viajam para a Inglaterra. Vladimir matricula-se em Cambridge, onde se formará em 1923 em literatura.

1922 - Seu pai é morto a tiros em Berlim, onde dirigia o jornal "Rul", destinado a imigrantes russos.

1923 - Muda-se para Berlim.

1925 - Casa-se com Vera Slonim, também imigrante russa.

1926 - Publica seu primeiro romance, "Machenka", escrito em russo.

1937 - Muda-se para Paris.

1938 - Emigra com a família para os Estados Unidos.

1941 - Publica "The Real Life of Sebastian Knight", que marcaria o começo da fase em que passaria a escrever dominantemente em inglês.

1945 - Nabokov, Vera e Dmitri (filho do casal, nascido em 1934) tornam-se cidadãos norte-americanos.

1955 - Na França, surge a primeira edição de "Lolita", seu romance mais popular e controverso. Somente em 1958 seria publicado nos EUA.

1977 - Morre, aos 78 anos, em Montreaux (Suíça), no dia 2 de julho.

(*) Todos os livros resenhados aqui temos em disponibilidade para locação na BPP-Locadora de Livros. Não deixe sua leitura para amanhã, reserve-o ainda hoje.