domingo, 19 de julho de 2015

Livro Recomendado da Semana - 19 a 25/07/2015

O VELHO E O MAR - ERNEST HEMINGWAY

O LIVRO


Santiago, um velho pescador cubano que ficara 84 dias sem pescar nada, promete acabar com a sua onda da azar. Sua sorte tem a forma de um marlin gigante, o maior peixe que já pescara. Após três dias de luta com o marlin no Golfo do México, Santiago volta para o porto e a razão de seu combate transformara-se numa carcaça por tubarões. Depois de passar quase três meses sem fisgar um peixe, escarnecido pelos colegas de profissão, o velho Santiago enfrenta o alto-mar, sozinho, em seu pequeno barco. Quer provar aos outros e a si mesmo que ainda é um bom pescador. É em completa solidão que ele travará uma luta de três dias com um peixe imenso, um animal quase mitológico, que lembra um ancestral literário, a baleia Moby Dick.
À medida que o combate se desenvolve, o leitor vai embarcando no monólogo interior de Santiago, em suas dúvidas, sua angústia, sentindo os músculos retesados, a boca salgada e com gosto de carne crua, as mãos úmidas de sangue. Por fim o peixe se dobra à força do pescador. Mas a vitória não será completa - surgem os tubarões...
Novela da maturidade de Ernest Hemingway, que foi correspondente de guerra e amante das touradas. O Velho e o Mar  (1952) é a melhor síntese de sua obra e de sua visão do mundo.
Escrito num estilo ágio e nervoso, máxima depuração da prosa jornalística do autor, o livro explora os limites da capacidade humana diante de uma natureza voraz, onde todos os elementos estão permanentemente em luta, numa autodevoração sem fim.

O AUTOR

Ernest Miller Hemingway nasceu em 1899, em Oak Park, Illinois, Estados Unidos. Filho de um médico da zona rural, cresceu em contato com um ambiente pobre e rude, que conheceu ao acompanhar o trabalho do pai na região. Esse ambiente foi descrito em seu livro de contos In Our Time (1925).
Trabalhando como repórter, Hemingway alista-se no exército italiano em 1916 e é gravemente ferido na frente de batalha. Ao deixar o hospital, passa a trabalhar como correspondente em Paris. Em 1926, publica O Sol Também Se Levanta, livro que obteria um sucesso surpreendente.
Em 1929, publica Adeus às Armas, que descreve a experiência de seu autor na Itália.
Vai para a Espanha, onde produz Morte à Tarde (1932), sobre as touradas; faz caçadas na África Central, que relata em As Verdes Colinas da África (1935); participa da Guerra Civil Espanhola e escreve Por Quem os Sinos Dobram? (1940); de suas experiências como pescador em Cuba, surge O Velho e o Mar (1952), livro que lhe rendeu o Prêmio Pulitzer.
Ganhador do Nobel de Literatura de 1954, Ernest Hemingway suicidou-se em sua casa de Ketchum, em Idaho, Estados Unidos, em 1961.

COMENTÁRIO SOBRE A OBRA

Por Walter Salles, colunista da Folha de São Paulo

Poucos escritores tiveram uma influência tão marcante na literatura em língua inglesa do século 20 quanto Ernest Hemingway. Hemingway detestava tudo aquilo que era ornamentado. Sua narrativa, ao contrário, é direta e muscular. As frases são curtas, os diálogos secos. Como os neorrealistas fizeram no cinema, Hemingway extirpou da prosa literária tudo aquilo que não considerava essencial.
O Velho e o Mar narra a história de Santiago, um pescador cubano que, um pouco como o escritor que lhe deu vida, parece estar em fim de linha. Dia após ida, Santiago sai com seu barco e volta de mãos vazias. Desesperado, decide se aventurar mais longe, nas águas da corrente do Golfo. É quando um enorme marlim morde a sua isca.
Começa então uma extraordinária batalha entre o homem e o animal. Que o melhor e o mais corajoso vença, pensa o velho marinheiro. O animal reboca o barco de Santiago, tamanha sua força. Quando o marlim finalmente cede, surgem tubarões.
Luta pela sobrevivência, confronto com os limites humanos. O Velho e o Mar e, antes de mais nada, um conto moral. Os temas caros a Hemingway, as questões da honra e do embate entre o homem e a natureza, ganham aqui uma outra dimensão, mais fabular. Como em O Tesouro da Sierra Madre de John Huston - o cineasta que lhe foi talvez mais próximo na escolha temática -, os heróis de Hemingway aprenderão que a glória e a fortuna são passageiras.
Escrito de um só jato, em um único capítulo, O Velho e o Mar é o último romance feito em vida por Hemingway. O escritor, que ganhou o Prêmio Nobel de 1954, suicidou-se em 1961. Deixou um legado que pode ainda ser sentido hoje na literatura norte-americana. Uma frse de Santiago volta à memória: "Um homem pode ser destruído, mas não derrotado".

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