sábado, 20 de junho de 2015

Livro Recomendado da Semana - 21 a 26/06/2015

O CASO MOREL - RUBEM FONSECA

O LIVRO 

Primeiro romance do escritor, lançado em 1973, o livro mostra o embate de Paul Morel, um artista de vanguarda típico dos anos 70 pelas excentricidades, com o escritor Vilela. Morel está preso e é de sua cela que narra histórias que mesclam sexo, violência e reflexões sobre a arte mais radicais do escritor, ao questionar a função da arte e da literatura.
Entre os escritores brasileiros contemporâneos, Rubem Fonseca foi um dos primeiros a encarar sem rodeios a violência urbana em todos os estratos sociais, do traficante ao empresário, da socialite à prostituta, do mendigo ao banqueiro.
Sempre com um estilo direto, coloquial, cortante, Fonseca criou um gênero que teria forte descendência entre os autores mais jovens.
Nesse sentido O Caso Morel – novela publicada há 30 anos, no auge do regime militar – faz nada menos que um pequeno tratado sobre a psicopatologia de nossa vida cotidiana. O livro é visto até hoje, com justiça, como uma de suas melhores ficções.
No centro da trama está o artista Paul Morel, personagem carismática que vive nesta estranha sociedade como um sobrevivente, levando às últimas consequências o que nela há de falso, delirante, destrutivo – e familiar.
Autor de obra numerosa, Rubem Fonseca fez sua estreia literária há exatos 40 anos, com o volume de contos Os Prisioneiros. Pelo conjunto da obra, o escritor foi laureado com o Prêmio Camões de 2003, o mais importante entre os países de língua portuguesa.

COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO 

José Geraldo Couto articulista da Folha de São Paulo

O artista de vanguarda Paul Morel, preso por um crime violento que ele próprio não sabe se cometeu, resolve escrever um livro contando sua vida. Para isso, pede ajuda ao escritor e ex-delegado Vilela, a quem entrega trechos do manuscrito à medida que vai escrevendo.
O Caso Morel intercala o relato do prisioneiro – repleto de orgias e de reflexões irônicas sobre a arte e a cultura de nosso tempo – com seus desencantados diálogos com Vilela, uma espécie de alter ego de Rubem Fonseca, que havia surgido em A Coleira do Cão (1965) e reapareceria depois em diversos contos e romances do escritor, especialmente em A Grande Arte (1983).
Publicado em 1973, O Caso Morel é o primeiro romance de Rubem Fonseca e contém todos os elementos que fariam dele um dos escritores mais influentes da literatura brasileira das últimas três décadas.
A narrativa veloz, incisiva, a observação aguda do lado mais obscuro do comportamento humano, o hábil domínio dos diálogos, a presença da violência sob todas as suas formas – física, psicológica, moral –, o trânsito frequente entre o registro culto e o popular, o exame implacável das contradições sociais, tudo isso faz deste livro um dos grandes romances policiais de nossa época e uma das obras mais fortes de um autor obcecado pelas pulsões básicas do homem: sexo e morte.

O AUTOR

José Rubem Fonseca nasceu em Juiz de Fora (MG), em 1925. Formou-se em direito pela antiga Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, cidade onde mora desde os 8 anos de idade.
Exerceu várias atividades antes de dedicar-se inteiramente à literatura, entre elas a de comissário de polícia, em São Cristóvão (RJ). Foi policial de gabinete durante a maior parte do tempo em que trabalhou, até ser exonerado, em 1958.
Estudou administração e comunicação nas universidades de Nova York e Boston (EUA). Foi professor da Fundação Getúlio Vargas (RJ) e escreveu críticas de cinema na revista Veja (1967).
Seu primeiro livro de contos foi Os Prisioneiros (1963). Seguiram-se A Coleira do Cão (1965) e Lucia McCartney (1967). Feliz Ano Novo (1975) foi proibido pela censura, durante o regime militar. O romance Agosto (1990) fez grande sucesso e foi transformado em minissérie para televisão.
Rubem Fonseca é extremamente reservado, avesso a entrevistas e fotos. Já recebeu diversos prêmios, incluindo alguns ligados ao cinema, área em que trabalhou como roteirista. Entre os filmes mais conhecidos de que participou, estão Stelinha e A Grande Arte, adaptado do livro homônimo.
É autor de O Cobrador (1979); Bufo & Spallanzani (1986); Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos (1988); O Buraco na Parede (1995); e Diário de um Fescenino (2003), entre outros. É viúvo de Théa Maud e tem três filhos: Maria Beatriz, José Alberto e o cineasta José Henrique Fonseca.

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