O LIVRO
Primeiro romance do escritor, lançado em
1973, o livro mostra o embate de Paul Morel, um artista de vanguarda típico dos
anos 70 pelas excentricidades, com o escritor Vilela. Morel está preso e é de
sua cela que narra histórias que mesclam sexo, violência e reflexões sobre a
arte mais radicais do escritor, ao questionar a função da arte e da literatura.
Entre os escritores brasileiros
contemporâneos, Rubem Fonseca foi um dos primeiros a encarar sem rodeios a
violência urbana em todos os estratos sociais, do traficante ao empresário, da socialite à prostituta, do mendigo ao
banqueiro.
Sempre com um estilo direto, coloquial,
cortante, Fonseca criou um gênero que teria forte descendência entre os autores
mais jovens.
Nesse sentido O Caso Morel – novela publicada há 30 anos, no auge do regime
militar – faz nada menos que um pequeno tratado sobre a psicopatologia de nossa
vida cotidiana. O livro é visto até hoje, com justiça, como uma de suas
melhores ficções.
No centro da trama está o artista Paul Morel,
personagem carismática que vive nesta estranha sociedade como um sobrevivente,
levando às últimas consequências o que nela há de falso, delirante, destrutivo
– e familiar.
Autor de obra numerosa, Rubem Fonseca
fez sua estreia literária há exatos 40 anos, com o volume de contos Os
Prisioneiros. Pelo conjunto da obra, o escritor foi laureado com o Prêmio
Camões de 2003, o mais importante entre os países de língua portuguesa.
COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO
José Geraldo Couto articulista da Folha de São Paulo
O artista de vanguarda Paul Morel, preso por
um crime violento que ele próprio não sabe se cometeu, resolve escrever um
livro contando sua vida. Para isso, pede ajuda ao escritor e ex-delegado
Vilela, a quem entrega trechos do manuscrito à medida que vai escrevendo.
O Caso
Morel intercala o relato do prisioneiro – repleto
de orgias e de reflexões irônicas sobre a arte e a cultura de nosso tempo – com
seus desencantados diálogos com Vilela, uma espécie de alter ego de Rubem
Fonseca, que havia surgido em A Coleira
do Cão (1965) e reapareceria depois em diversos contos e romances do
escritor, especialmente em A Grande Arte
(1983).
Publicado em 1973, O Caso Morel é o primeiro romance de Rubem Fonseca e contém todos
os elementos que fariam dele um dos escritores mais influentes da literatura
brasileira das últimas três décadas.
A narrativa veloz, incisiva, a observação
aguda do lado mais obscuro do comportamento humano, o hábil domínio dos
diálogos, a presença da violência sob todas as suas formas – física,
psicológica, moral –, o trânsito frequente entre o registro culto e o popular,
o exame implacável das contradições sociais, tudo isso faz deste livro um dos
grandes romances policiais de nossa época e uma das obras mais fortes de um
autor obcecado pelas pulsões básicas do homem: sexo e morte.
O AUTOR
José Rubem Fonseca nasceu em Juiz de Fora
(MG), em 1925. Formou-se em direito pela antiga Faculdade de Direito da
Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro, cidade onde mora desde os 8 anos de
idade.
Exerceu várias atividades antes de dedicar-se
inteiramente à literatura, entre elas a de comissário de polícia, em São
Cristóvão (RJ). Foi policial de gabinete durante a maior parte do tempo em que
trabalhou, até ser exonerado, em 1958.
Estudou administração e comunicação nas
universidades de Nova York e Boston (EUA). Foi professor da Fundação Getúlio
Vargas (RJ) e escreveu críticas de cinema na revista Veja (1967).
Seu primeiro livro de contos foi Os
Prisioneiros (1963). Seguiram-se A Coleira do Cão (1965) e Lucia McCartney
(1967). Feliz Ano Novo (1975) foi proibido pela censura, durante o regime
militar. O romance Agosto (1990) fez grande sucesso e foi transformado em
minissérie para televisão.
Rubem Fonseca é extremamente reservado,
avesso a entrevistas e fotos. Já recebeu diversos prêmios, incluindo alguns
ligados ao cinema, área em que trabalhou como roteirista. Entre os filmes mais
conhecidos de que participou, estão Stelinha
e A Grande Arte, adaptado do livro
homônimo.
É autor de O Cobrador (1979); Bufo &
Spallanzani (1986); Vastas Emoções e
Pensamentos Imperfeitos (1988); O
Buraco na Parede (1995); e Diário de
um Fescenino (2003), entre outros. É viúvo de Théa Maud e tem três filhos: Maria Beatriz,
José Alberto e o cineasta José Henrique Fonseca.
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